Poesia é ... (ensaio)

Depois de um interregno em que apesar de não publicar não deixei de escrever e muito menos de pensar, deixo-vos mais um ensaio, desta vez sobre o que é para mim a Poesia e o que significa.

POESIA

É rima
É verso
É decerto adverso
Para quem não pensa
Não age
Não soma conhecimento

É emoção
É pensamento
E é sempre ocasião
E é sempre sentido
Seja verso ou inverso
É ódio é paixão
É raiva é emoção
É alma espírito e pensamento

Poesia

É verso e reverso
Irreversivelmente reversível
De múltiplo entendimento
E com um toque indelével
É sempre sentimento

É de fortes emoções
Que mexe e remexe
Com as almas e os corações
Com a razão

É materialista e idealista
É masoquista e sádica
É idealista, humanista e empirista
E mesmo o que queremos que seja e não seja

Atrai e repele os egos
Vai ao mais essencial da essência
É relativo e absoluto
É o tudo do Universo

São odes á vida
Hinos e cânticos de vitória

Que força é essa
É o Daimon
É metafísica
Paranormal

É poesia

Flui livremente
Voa a pico, plana,
Voa alto e raso
É livre é pensamento
É vontade sem limite
Não se esgota, nem acaba
É amorfa e céfala
E devia se omni
Presente e ciente
Profissão e ofício
Com aprendizes, artífices, mestres e tudo

Usa o bom senso e vê
Com todos os sentidos e mais o sexto
E o sétimo
E mais todos os que não sabemos
Mas que acredito que existam

É vime com força de feixe
E feixe com a fragilidade do vime

É enfim
Tudo aquilo que quisermos que seja
Escrevemo-la e ela ganha vida própria
Liberta-se
E torna-se naquilo que quer ser

Sonho e quimera
Talvez ilusão
Real e fatal
Sólida, líquida e gasosa
Em fusão a quente ou frio
É tabu e mito
Sacra e laica
Essencial e banal
Ciência e técnica
Táctica e estratégia
É igual na diferença
Assume-a e torna-a igual
É convergência do antagónico
É gravar no vento
Para que se espalhe pelo Universo

Dá coragem e medo
É alerta e desperta
É rima é prosa é poesia

É o código para a vida
Tem sexo e cor
Força e fraqueza

Tal como o Amor
É frio e quente
Solta o espírito e prende à vida

E é também ciência
É cultura e conhecimento
É fé é crença
É destino, saudade e fado

É depressivo
É esquizofrénico
E deles o contrário

É tese síntese e antítese

Só com ela se chega ao horizonte,
Ao infinito

É gota de água que inunda os continentes

É sentença de morte com condenação à vida
É a condição das condições
É a premissa perdida da Pedra Filosofal

É clarividente
De carência de afectos é isenta
Dá-nos sensações
Materializa as ideias
Os sonhos e os pensamentos
E quando luta
Se perde a derrota é indevida
Pois torna os fracos fortes
E os oprimidos livres

Prostra-nos ao avo
E faz-nos superar o alto
Clarifica-nos a mente
E ofusca os opressores

Despe-nos de preconceitos
E limpa-nos a visão

É agridoce
Um suave beijo violento
Sem dor
Por não ter impureza

Glorifica os princípios
Exalta os valores
E eleva o Homem

Poesia é arma
Poesia é forma de luta
Condição de emancipação
Conduta infinita
De sensações, sentimentos e emoções
É clímax de paixões
Elixir da vida
Prova do que é real

É choque frontal e violento com o ego de cada um de nós

É rastilho para a reflexão
E explosão do pensamento

Elimina coutadas
Caciques, esbirros e capachos
Servos e senhores
E outros favores

É crença na força que a emoção dá à razão
Numa simbiose única

É estandarte e bandeira
Hino e cântico de quem luta pela verdade e justiça
E por toda a parte move causas
Guerreiros e lutadores

É a libertação da liberdade
Da liberdade liberdade

E é no tudo e todo
A certeza de que afinal existe
Verdade


Ermesinde, 10 de Fevereiro de 2009